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Um dos momentos de maior desgaste para a maioria dos professores, é sem dúvida, a hora de planejar.
Desde a formação acadêmica até a atividade profissional, nossos colegas se queixam com frequência, considerando o ato de planejar enfadonho, custoso e muitas vezes desnecessário.
Penso que uma das razões é o fato de que o planejamento quase sempre emerge de conteúdos pré-determinados, desprovidos de significância relevante, coerente com a realidade dos alunos.
De fato esta é uma questão antiga. Lembro que no extinto magistério, as estagiárias preenchiam formulários imensos, constando os passos estratégicos- como motivação, desenvolvimento, síntese e verificação - repletos de recursos didáticos e pára-didáticos. Ao enfrentar as salas de aula, se deparavam com realidades completamente diferentes do que era planejado. Os flanelógrafos, os cartazes de prega, o material dourado eram utilizados, quase sempre sem uma preocupação com a construção do saber do aluno, apenas com a eficácia na transmissão dos conteúdos.
Como resultado, as 4 horas gastas e as noites mal dormidas, debruçadas sobre pastas de estágio, mimeógrafos e formulários se esvaíam em momentos de frustração e sofrimento. Passado o susto, as estagiárias iniciavam a busca pelas respostas às questões que martelavam em suas mentes: O que ensinar? Como ensinar? - E raramente -Como aprender?
Hoje nos cursos de licenciatura, embora os recursos tecnológicos sejam outros, as incoerências entre o que se planeja e o que se faz permanecem.
Esta é a primeira razão para o professor resistir ao planejamento.
Outro motivo, são as cobranças e pressões sofridas. O sistema educacional que impõe conteúdo, modo e tempo para aprender, a escola que não flexibiliza, nem tampouco contextualiza e o próprio professor que tão voltado está para o seu próprio umbigo, não percebe que o ato de planejar é um exercício de amor, de doação e de busca pela excelência.
É preciso, caros colegas e futuros educadores, compreender que o planejamento não é algo passivo e não precisa ser entediante e desgastante.
Quando desejamos fazer uma sala de aula diferente, quando queremos que os alunos sintam-se em paz consigo e com o outro, queremos ofertar o que há de melhor. E para tanto, é necessário planejar.
Não precisamos mais daqueles formulários e relatórios intermináveis, e aqui vai um recado para os coordenadores - não precisamos mais de excesso de recursos, sem uma ressignificância do processo ensino-aprendizagem. Precisamos, sim, de investigação, pesquisa e diálogo, muito diálogo. Os atores deste cenário educativo devem buscar uma harmonia entre si, respeitando as diferenças de tal maneira que um enriqueça o outro, com sua bagagem e suas idéias.
O registro se dá de maneira a não dispensar o essencial a qualquer plano organizado, com tema, objetivos, metas e ações bem estabelecidos. Mas é preciso que o planejamento seja o espelho do professor e reflexo da realidade dos seus alunos, das necessidades sucitadas no dia a dia, do fazer pedagógico.
Ter uma profissão, casar, ter filhos, estudar, passa por um planejamento que inicia com o desejo. A educação não pode ser diferente. É preciso desejar, e, tendo uma visão clara daquilo que se deseja, planejar, fazer, avaliar e refazer quantas vezes for necessário.
Os padrões excessivos só servem para negar a liberdade e a autonomia do professor, mas o padrão bem revisado, recriado, com a "cara" do professor, é ao contrário, instrumento de uma prática educativa muito feliz.